19.4.08

Les Somnambules - Hermann Broch

Outro livro de Hermann Broch. Ele é aquele tipo de autor que escreve com a intenção de capturar o espírito de uma época e também de usar os romances para expor uma tese. Hoje em dia acho que ninguém mais faz isso e também há poucos leitores para obras assim, mas Broch escreve de forma interessante, mistura teorias sobre arte, literatura e filosofia em seus textos. É preciso ter um certo fôlego para ler Os sonâmbulos, mas depois que a leitura engrena, é difícil deixá-la de lado. O livro é constituído de três grandes partes separadas em períodos distintos entre os anos de 1888-1918, a primeira, 1888 - Pasenow ou o romantismo, conta a história de um militar dividido entre seus deveres familiares, a observação dos valores da sociedade e a fidelidade ao exército; a segunda, 1903 – Esch ou a anarquia, conta a história de um contador com tendências comunistas e, a última, 1918 – Huguenau ou o realismo, é sobre um soldado que deserta durante a guerra e se instala em uma pequena cidade usando seus conhecimentos financeiros e “esquemas” capitalistas para levantar alguns fundos para manter-se. Na última parte, os dois protagonistas das primeiras histórias se encontram e seus destinos são profundamente ligados.

O romance é bem triste. Cada um dos personagens representa um momento histórico, filosófico e moral do período. Pasenow é aquele que procura observar as crenças morais da sociedade e das instituições; Esch já não é capaz de fazer isso como desejaria e por isso vive em conflito e, por fim, Huguenau é aquele que não se importa com a moralidade ou ideais, ele é o homem totalmente racional e sem fidelidades, o capitalista preocupado com seu próprio bem-estar e, por isso mesmo, o mais perigoso de todos, como mostra o desenlace da história.




Broch narra a corrupção dos valores, a decadência progressiva de uma época. Livros que tratam de longos períodos de tempo ou que narram a história de gerações de uma família parecem ser sempre pessimistas, há sempre uma degradação. Algo muito humano, não é mesmo? Visto que nós temos o hábito de olhar para o passado com nostalgia e, não raro, dizemos que aqueles sim, eram bons tempos!

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